Possivelmente já se encontra familiarizado com o termo “dupe” que é, frequentemente, usado na área da moda e cosmética para descrever uma alternativa semelhante, e mais acessível, a um produto de marca.
Sendo este um termo popular e com uma lógica adaptável, a sua disseminação pelo mercado não tardou, estando o setor do Turismo a ser inspirado pelo mesmo. O aparecimento dos “destinations dupes”, ou destinos gémeos, coincide com uma fase de recuperação vincada do setor do turismo, onde o seu atual desempenho se aproxima dos resultados pré-pandémicos e, em algumas métricas, os ultrapassa.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo, no primeiro trimestre de 2024, as chegadas de turistas internacionais atingiram 97% dos níveis pré-pandemia, prevendo-se uma recuperação total até ao final do ano, com as chegadas a crescerem 2% dos níveis de 2019.
Embora estes resultados e previsões se apresentem como promissores, também traduzem a urgência da aplicação de políticas de gestão e manutenção de recursos e fluxos, especialmente, com a chegada da época de Verão. Destinos como Itália, Grécia, Croácia, Sul de França e Espanha são encarados como os protagonistas de um verão verdadeiramente europeu, contudo a inflação dos preços, a cobrança de taxas turísticas e a sobrelotação dos espaços e serviços representam motivos suficientes para afastar uma grande parte dos turistas.
É neste contexto que a tendência “destination dupes” começa a ser alimentada nas redes sociais, com o intuito de promover destinos inesperados, mais económicos e com uma atmosfera semelhante à dos destinos mais procurados.
Todavia, a grande questão que se coloca é se esta será, apenas, mais uma tendência digital passageira ou se irá mesmo marcar as tendências de viagens de 2024 e 2025.
Portugal encontra-se representado na lista da Expedia, onde a cidade de Palermo, em Itália, é identificada como o dupe de Lisboa, devido ao leque variado de estruturas fortificadas, miradouros, portos e gastronomia.
Ainda que o conceito “destination dupe” seja embrionário e esteja muito ligado às redes sociais, este merece um olhar atento, na medida em detém todo o potencial para inspirar uma estratégia promocional de desenvolvimento turístico. Ao redirecionar os fluxos para destinos alternativos, revela-se possível aliviar a pressão existente nos hotspots turísticos e, assim, preservar o seu meio ambiente e recursos, sendo que se irá fomentar o desenvolvimento económico das regiões mais despovoadas e esquecidas. Com o apoio de políticas públicas, investimentos em infraestruturas e campanhas de marketing eficazes, os “destination dupes” podem assumir-se como uma parte integral da solução para as grandes problemáticas que o interior do país enfrenta.
Graças à sua posição privilegiada e passado histórico multicultural, Portugal encontra-se repleto de monumentos, tradições, paisagens e costumes que refletem, de forma fiel e autêntica, a atmosfera europeia, mas, também, uma grande parte da história universal, permitindo que os visitantes testemunhem a influência de várias culturas numa só visita.
Afinal de contas, Aveiro não é conhecida como a Veneza Portuguesa? E Sistelo, o Tibete Português?